Saúde

3 minutos de leitura

"Todos de um hospital são responsáveis pela segurança do paciente", diz Dr. Lucas Zambon

Em entrevista, o especialista fala sobre o significado real da segurança do paciente e as novas resoluções nessa área.
ESD
Equipe São Domingos - Equipe São Domingos Atualizado em 26/09/2017

SÃO LUÍS - O diretor do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas ( HC-FMUSP) e outros títulos que o tornaram  grande especialista na área de segurança do paciente no Brasil, Dr. Lucas Zambon participa,  como palestrante, da 5ª Semana de Segurança do Paciente do Hospital São Domingos, realizada de 25 a 29 de setembro. Em uma conversa com gestores, médicos e colaboradores do HSD, ele falou sobre o significado real da segurança do paciente, as novas resoluções nessa área, avanços, desafios e a importância da participação de todos em garantir o cuidado seguro ao paciente.

Hospital São Domingos (HSD): Dr. Lucas, o que é segurança do paciente, hoje?

Lucas Zambon: Hoje a gente entende a segurança do paciente como fazer a gestão dos riscos que o paciente passa no processo assistencial, em toda a rotina de cuidado. É tudo que a gente faz para evitar que o paciente sofra um dano desnecessário ocasionado por uma falha dos nossos cuidados em saúde.

HSD: Qual o maior desafios dos hospitais para reduzir esses riscos?

Lucas Zambon: Há vários, mas o maior desafio é saber como criar a consciência de segurança em cada profissional que trabalha dentro do hospital para que isso não seja um papel só dos gestores, dos líderes, mas de cada indivíduo. Como é que cada enfermeiro, cada médico, cada farmacêutico pode ser um agente de segurança do paciente no seu dia a dia de trabalho. Esse é o grande ponto de virada: conseguir capacitar as pessoas para que elas consigam ser esses agentes de segurança.

HSD: Em sua palestra, o senhor disse que  hoje, deve-se ter outro olhar sobre a segurança do paciente. O que significa?

Lucas Zambon: O ponto mais importante é entender que, tem determinados eventos adversos - problemas que geram dano aos paciente - que a gente encarava só quando acontecia um dano físico, por exemplo, o paciente tem uma queda dentro do hospital, ocasionada por uma falha nos cuidados,  e tem uma fratura no fêmur. Ele vai precisar de uma cirurgia para correção. A gente entendia só a fratura de fêmur como o dano, mas, atualmente, vemos que temos que encarar a repercussão psicológica, familiar e social que isso causa. Alguém vai precisar cuidar dessa pessoa, como vai ser a alta, ou seja, o que esse dano ocasiona para a vida desse paciente, que não só o dano físico pontual. Temos que entender o dano com uma reflexão mais ampla.

HSD: Por que esse novo olhar é importante?

Lucas Zambon: Para que se pense em ações que não seja somente solucionar o dano físico, mas o social, o psicológico e assim por diante.

HSD: É o que pressupõe a medicina humanizada?

Lucas Zambon: É mais amplo do que isso. É a questão de como é que eu crio o cuidado centrado no paciente de ponta a ponta, não importa se aconteceu um evento adverso ou não, mas o cuidado centrado no paciente, entendendo todas as dimensões dele (biológica, psicológica, social, familiar...).

HSD: E onde entra a participação do próprio paciente nesse processo?

Lucas Zambon: O paciente é o centro de tudo. E deve ser ouvido, aplicando-se o disclosure ou transparência, ou seja, tendo uma conversa estruturada com o paciente, ouvi-lo e levar em consideração suas experiências. Não devemos nos preocupar somente com a satisfação, mas com a percepção, o valor. Se colocar no lugar do paciente, ou seja, a assistência que eu estou prestando é a que eu gostaria que tivesse o meu filho, minha mãe, pai ou outro familiar? Essa é a melhor forma de balizar a qualidade do meu atendimento.

Escrito por
ESD

Equipe São Domingos

Equipe São Domingos
Escrito por
ESD

Equipe São Domingos

Equipe São Domingos